terça-feira, 18 de maio de 2010

My Place.

Então depois de olhar aquela cena, eu pressionei minhas mãos junto ao meu peito. Pude sentir o ar se expandindo por todo o ambiente e ficando longe de mim, enquanto o que eu armazenava saiu de uma vez em um só suspiro apavorado. Minhas pernas talvez tivessem vida própria, ou talvez apenas soubessem por si mesmas que eu não queria permanecer ali, mas não tinha forças para me lembrar de como sair. Elas começaram a correr. Desceram as escadas que eu nem tinha certeza se existia, pois meus olhos marejados nem ao menos me deixavam ver direito. Mas na realidade, eu não queria ver mais nada. Pra que enxergar se o mundo não nos da motivos para agradecer por isso? Encontrar a pessoa que você mais ama te traindo, não é gratificante. Eu fechei os olhos e continuei correndo, sem conseguir mais conter as lágrimas. De repente senti esbarrões violentos contra mim e xingamentos, e logo depois em fracções de segundos, me senti no chão. Eu havia caído, mais uma vez. Talvez eu estivesse caída ali, porque meu mundo caíra, e na queda eu não me equilibrei... Mas eu tinha que ter forças para ir pra longe. Me levantei e continuei correndo, ainda pressionando minhas mãos contra meu peito. O vento batia violentamente no meu rosto, e aquele lugar continha a quantidade necessária de ar para mim e pra todos ao meu redor, mas eu não conseguia respirar. A única coisa que eu tinha certeza, era que meu único rastro ali eram as minhas lágrimas no chão.. Na verdade, não tinha certeza, pois meus passos eram rápidos de mais para confirmar que elas caíam na calçada enquanto eu tentava encontrar um lugar seguro para mim. Longe de qualquer tristeza ou traição... longe de pensamentos, longe de tudo. Mas pensando bem, não existe lugar longe da traição, e nem da tristeza. Eu não sou capaz nem de me livrar disso.. nem dos meus pensamentos, nem das minhas lágrimas. Eu estava me sentindo completamente fútil. Tudo era uma traição.. cada eu te amo, cada ''vai ser pra sempre'' e cada pode confiar em mim, seja de quem viesse. Minha vida era uma traição, o que fazia tudo virar tristeza, fazendo com que meus pensamentos sempre estivessem a mil se perguntando ''Por quê?''. Mas então meus joelhos sederam ao cansaço, meus olhos sederam as lágrimas e o meu peito sedeu a dor que havia se acomodado ali dentro. Sem ao menos perceber, eu estava ajoelhada, meus olhos haviam parado de fabricar lágrimas, eu perdera a força até para isso. A dor parou de incomodar. Fechei os olhos e quando abri de novo, eu via o céu... eu havia caído deitada e nem ao menos percebi. Meus olhos pesaram e eu não consegui (ou nem quis) lutar para mante-los abertos. De repente várias vozes estranhas dominaram minha cabeça, e finalmente eu não ouvia mais nada nem meus pensamentos. Não havia uma lembrança de traição, não havia a tristeza. Eu havia cumprido minha meta, e eu comemoraria isso em um lugar longe de realmente tudo, o lugar que o eu procurava, o meu lugar. O meu fim não era tão ruim assim, não para mim. Para os que ficaram eu não sei, e nem quero saber.. era por causa deles que eu desejara acabar ali e naquela hora, era por causa deles que eu tinha acabado. Seja onde eu estivesse, eu ainda podia ver o que se passava, não que eu fosse um anjo no céu agora. Eu vi a pessoa que mais me machucou, a pessoa que estava na cena mais dolorosa que eu já presenciei chorando por mim. Lágrimas falsas.. vá para o inferno seu filho da mãe.

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