segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Então, a pureza dos sonhos


Palavras curtas e doces. Nada mais era murmurrado pela boca daquela pequena garota. Talvez, se vista no meio de uma multidão, nem fosse notada por ser tão comum: Cabelos dourados de tão loiros, estatura média, um pouco magra de mais, olhos claros, pele clara. Mas essa garota tinha uma grande diferença das pessoas que fazem parte da multidão, seja esta qual fosse. Ela acreditava, ela sonhava. Não havia 8 anos de idade, mas seus sonhos continuavam intactos, talvez alguns com algumas modificações nos príncipes, nos monstros ou nos seus castelos, mas a mesma pureza de quando era uma criança. Só que mesmo com todo esse privilégio de continuar imaginando, ela tinha medo de que alguém mexesse em seus sonhos, ele tinha suas inseguranças, tinha suas responsabilidades, mas o que importava mesmo, é que a noite ela se esquecia de tudo e só compartilhava sua existência com seu pequeno e velho ursinho de pelúcia, seu travesseiro rosa e sua imaginação que era acionada especialmente pelos seus olhos fechados. Dentre tantas as coisas que a menina loira sonhava, ela gostava particularmente de um lugar amplo, cheio de cores, com o vento batendo em seu rosto levemente e bagunçando seu cabelo. Deste lugar em que sua risada se propagava como o som de pequenos sinos suaves, as borboletas voavam como se brincassem de pega-pega, o céu fosse tão azul quanto seus olhos e nenhuma fumaça fosse existente. E então ela encontrava seu príncipe encantado, que não vinha com nenhum cavalo branco, nenhuma armadura e não tinha uma cara de galã. Era apenas um menino normal, em roupas normais, andando apé com seus tênis surrados... e então ela mesma se perguntava ás vezes porque seu príncipe era tão simples e comum. Mas logo ela dava risada de si mesma por ter feito tal pergunta. Era óbvio que era por causa do abraço caloroso, amoroso e extremamente gostoso no qual ele a envolvia. Pela maneira com que ele encosta seus lábios nos dela, fazendo-a flutuar mentalmente por todo aquele lugar perfeito e preferido. Pela maneira que ele a tocava, a fazia sorrir e sorria junto com ela. E então os dois caminhavam por tal lugar com os dedos entrelaçados - e talvez fosse por isso que a menina não gostasse de olhar suas mãos quando estava acordada, por sentir a ausência dos dedos dele nos espaços vazios entre os dela, o encaixe perfeito-. O sonho preferido girava em torno disso. Não que ela não gostasse de ser uma princesa em seus vestidos luxuosos, com seus castelos medievais, as florestas, de ser a dona do mundo. Mas aquele lugar era o paraíso dela, e ela descobrira isso com toda a certeza. Mas então a noite acabava e a menina se levantava, começando um novo dia, procurando um alguém para encaixar seus dedos verdadeiramente, e esperando incansavelmente pela noite. Até que um dia, no meio dessa espera, algo bateu bruscamente em seu corpo, derrubando os cadernos que a menina carregava. Como em um daqueles filmes americanos que ele sempre via na TV, ela e tão ''algo'' se inclinaram para pegar os cadernos, e suas mãos se encostaram, fazendo a menina loira perceber que aquele era seu encaixe perfeito.

- Oi.

- Quem é você?

- Você não me conhece.

- Mas estava te procurando.



''Pra você guardei o amor que sempre quis mostrar, o amor que vive em mim vem visita, sorrir, vem colorir solar, vem esquentar e permitir. Guardei sem ter porque, nem por razão, ou coisa outra qualquer. Além de não saber como fazer pra ter um jeito meu de me mostrar. Achei vendo em você, e explicação nenhuma isso requer. Se o coração bater forte e arder, no fogo o gelo vai queimar''

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